Uma seguradora, pelo seu porte e reservas, têm um limite a cumprir para não se desequilibrar e deixar de atender os segurados em caso de sinistro. Portanto, para evitar que isso aconteça e possibilitar segurar mais do que o valor da retenção, as seguradoras usam dois mecanismos: Cosseguro e Resseguro.
Antes de explicar as peculiaridades de cada um, é muito importante entender o que significam os termos cosseguro e resseguro, e descobrir para que servem, já que muitos não sabem como isso funciona e você, corretor de seguros, pode precisar explicar ou rebater objeções dos seus clientes.
Compreender todas essas particularidades não apenas enriquecerá o seu conhecimento técnico, mas também permitirá que você ofereça soluções e estratégias mais adequadas, aumentando a confiança e qualidade dos seus serviços.
Por isso, no artigo de hoje, nós iremos esclarecer todos os seus questionamentos sobre cosseguro e resseguro; a fim de que você possa dominar o assunto, ajudar o seu cliente a entender o cenário em que está inserido, e a tomar as decisões mais acertadas para o seu caso. Boa leitura.
O que é cosseguro?
O cosseguro é uma modalidade de seguro em que há mais de uma seguradora envolvida na cobertura de uma única apólice, de acordo com a Lei Complementar nº 126/2007. O mais comum é que esse modelo de contratação seja usado em grandes seguros, nos quais é vantajoso que várias seguradoras assumam o risco de forma conjunta.
O principal objetivo do cosseguro é pulverizar, destroçar, os riscos da apólice para que ela possa ser reconhecida por diferentes seguradoras que assumam responsabilidade parcial por todos os segurados. Assim, em vez de concentrar o risco em uma única companhia, o cosseguro promove um equilíbrio mais eficiente entre as empresas participantes.
É importante esclarecer que um contrato celebrado nessas condições exige o pleno conhecimento do cliente, ou seja, do contratante principal. Essa transparência garante que o segurado esteja ciente de quais seguradoras estão envolvidas e qual o percentual de responsabilidade de cada uma.
Como funciona o cosseguro e qual sua importância?
Antes de tudo, o cosseguro é importante para as companhias de seguros. Em cenários gerais, considerando uma apólice normal, a sua chance de ser ferida por um alto risco de acidente é relativamente baixa.
No entanto, ao lidar com grandes riscos – onde os valores de compensação costumam ser muito altos – o impacto será tão grande que pode não ser sustentável, ocasionando graves dificuldades financeiras. Nesses casos, o cosseguro atua como uma solução estratégica para viabilizar a cobertura sem comprometer a saúde financeira das seguradoras envolvidas.
Portanto, o seguro não é benéfico apenas para quem o aluga, mas também para a seguradora. Ele permite operações seguras que talvez não fossem possíveis se ela fosse a única responsável.
Em resumo, o cosseguro é importante porque:
- Permite que a seguradora não assuma sozinha grandes responsabilidades;
- Permite que as seguradoras se envolvam em negócios mais arriscados;
- Permite que o cliente (o segurado) não fique impedido de contratar um seguro para o seu negócio.
Em algumas situações, várias apólices são usadas, sendo que cada uma é assumida por uma seguradora diferente; enquanto em outros casos, uma seguradora assume a administração do contrato e uma única apólice, mantendo as obrigações compartilhadas em caso de necessidade de indenização.
Essa flexibilidade torna o cosseguro especialmente útil em setores como construção civil, transporte de cargas e seguros empresariais de grande porte, onde os riscos são mais complexos e elevados.tendo as obrigações compartilhadas em caso de necessidade de indenização.
Quais os benefícios do cosseguro para os corretores de seguros?
Por que você, corretor de seguros, precisa saber as diferenças entre cosseguro e resseguro? Esses dois modelos oferecem diversos benefícios para os profissionais da área, proporcionando maior flexibilidade e vantagem na oferta de soluções de cobertura para os clientes.
Não acredita? Confira agora alguns benefícios do cosseguro que podem ser usados na sua negociação:
1 – Capacidade de cobertura para riscos maiores: o cosseguro permite que você ofereça coberturas para riscos maiores e mais complexos do que uma seguradora poderia suportar sozinha, ampliando assim a sua capacidade de atender clientes que precisam de coberturas significativas.
Exemplo: empresas com múltiplas filiais, contratos de obras públicas, transporte de cargas de alto valor.
2 – Diversificação de produtos e soluções: com várias seguradoras envolvidas, você pode combinar diferentes coberturas e condições oferecidas por cada seguradora para criar uma solução adaptada às necessidades específicas do seu cliente.
Na prática, isso aumenta sua competitividade como consultor e oferece alternativas mais flexíveis diante de clientes exigentes.
3 – Melhor gestão de risco: o cosseguro também facilita a sua gestão de riscos, já que eles são compartilhados entre várias seguradoras, resultando em condições mais favoráveis para o cliente e maior disposição das seguradoras para aceitar riscos que, de outra forma, poderiam ser rejeitados.
É uma estratégia que também pode abrir portas para atender nichos mais especializados ou que normalmente enfrentam resistência de subscrição.
O que é resseguro?
Os resseguradores são instituições que possuem maior capacidade financeira e estão bem posicionadas para apoiar grandes negócios. O resseguro é usado quando a seguradora não pode assumir o risco sozinha e cria contratos sob medida, que não carecem da autorização prévia do cliente.
O resseguro funciona como uma forma de proteção financeira e estabilidade para as seguradoras, permitindo que elas suportem eventos inesperados de grande magnitude sem comprometer a sua solvência.
É como um “seguro para a seguradora”, funcionando nos bastidores para garantir que ela consiga honrar os compromissos assumidos com seus segurados.
É importante esclarecer que cabe à seguradora entrar em contato com a resseguradora para qualquer suporte ou atenção que o cliente possa precisar. Diferente do cosseguro, o cliente final não tem vínculo direto com a resseguradora.
Saber explicar a diferença entre cosseguro e resseguro pode ser um diferencial na sua atuação como corretor, principalmente ao lidar com empresas ou clientes que têm dúvidas sobre como os riscos são administrados no mercado.
Como funciona o resseguro e qual sua importância?
Agora, sabendo melhor o que significa cosseguro e resseguro, é hora de entender bem como cada um dos modelos funciona na prática.
Entenda que, ao optar pelo resseguro, os riscos e demais responsabilidades da seguradora vão para o ressegurador, o que chamamos de cessão de resseguro. Por isso, parte dos dividendos e do contrato original serão distribuídos proporcionalmente entre as empresas que estão no contrato.
Outra coisa fundamental a ser ressaltada: neste caso, não há contrato direto entre segurado e ressegurador, o que chamamos de apólice.
Essa é uma diferença essencial em relação ao cosseguro, onde todas as seguradoras participantes são visíveis ao cliente e compartilham diretamente a apólice.
Além disso, o valor de transferência varia de contrato para contrato. Hoje, existem três tipos de contratos de resseguros. Vamos explicar melhor cada um deles a seguir:
1 – Resseguro automático
O resseguro automático é utilizado quando existem riscos semelhantes entre os contratantes. Portanto, todas as bases de recrutamento são pré-estabelecidas. Os resseguradores devem aceitar riscos predeterminados.
Esse tipo de contrato é comum em carteiras padronizadas, como seguros de automóvel ou vida em grupo, onde os parâmetros de risco são mais previsíveis.
E, neste caso, não haverá divisão proporcional entre contratantes quando falamos de responsabilidades, premiação ou remuneração. As atribuições são feitas com base na disponibilidade de eventos.
2 – Resseguro opcional
O resseguro opcional é um modelo em que a seguradora possui a liberdade de escolher quais riscos ou apólices deseja transferir para uma resseguradora, ao contrário do resseguro obrigatório, onde a cessão é feita de acordo com um contrato padrão para toda a carteira.
Esse modelo oferece mais flexibilidade, especialmente em apólices de alto valor ou com características específicas, permitindo à seguradora negociar caso a caso.
3 – Resseguro proporcional
Aqui, todas as responsabilidades e valores são igualmente compartilhados entre seguradora e resseguradora. Algumas das vantagens são:
- Proteger financeiramente as seguradoras;
- Proporcionar maior estabilidade técnica;
- Compartilhar o risco;
- Lei independente do contrato original.
As principais diferenças entre cosseguro e resseguro
No cosseguro, ocorre o compartilhamento do risco entre duas ou mais seguradoras, enquanto o resseguro é feito de forma individual. Desta forma, o contrato é criado entre a seguradora e o ressegurador sem autorização do cliente final (ou seja, o segurado).
Ou seja, no cosseguro, todas as seguradoras participantes aparecem na apólice e têm relação direta com o segurado; já no resseguro, a operação acontece nos bastidores, sendo transparente para o cliente.
Então, vamos supor que o segurado precise do apoio da seguradora. Este último é responsável por acionar os resseguradores, que possuem maior potencial financeiro e estão aptos a prestar a assistência necessária exigida pelos grandes negócios.
Esse modelo é essencial, por exemplo, em casos de catástrofes naturais, grandes sinistros industriais ou avarias de alto impacto.
Estamos, portanto, falando de dois contratos: o primário – e o primeiro – ocorre entre o segurado e o segurador; e o segundo, entre o segurador e o ressegurador. É um mecanismo que funciona basicamente como uma transferência de responsabilidade.
Dominar essas diferenças entre cosseguro e resseguro fortalece seu papel como consultor, especialmente ao lidar com empresas que buscam mais segurança e clareza na contratação de seguros
1ª diferença entre cosseguro e resseguro: Natureza da participação
- Cosseguro: Várias seguradoras compartilham a responsabilidade e o prêmio de uma única apólice ou risco. Cada seguradora assume uma parte do risco e do prêmio correspondente.
- Resseguro: Uma seguradora (cedente) transfere parte de seu risco para outra seguradora (resseguradora), a fim de reduzir sua exposição a grandes perdas.
2ª diferença entre cosseguro e resseguro: Objetivo principal
- Cosseguro: Dividir o risco entre várias seguradoras, a fim de evitar a concentração de grandes perdas em uma única empresa. Facilita a oferta de cobertura para riscos grandes ou complexos.
- Resseguro: Estabilizar a carteira da seguradora cedente e proteger contra grandes perdas, permitindo que a seguradora mantenha capacidade de subscrição e expansão.
3ª diferença entre cosseguro e resseguro: Relação entre as partes
- Cosseguro: As seguradoras envolvidas têm uma relação de co-participação direta e colaboram para cobrir o risco específico.
- Resseguro: A seguradora cedente tem uma relação contratual com a resseguradora, onde a última assume parte do risco em troca de um prêmio de resseguro.
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